Tratamento do câncer de bexiga

O tratamento do câncer de bexiga depende de qual estágio ele foi diagnosticado, podendo variar desde um tratamento endoscópico, com cistoscopia.

O tratamento do câncer de bexiga depende de qual estágio ele foi diagnosticado, podendo variar desde um tratamento endoscópico, com cistoscopia e ressecção transuretral (RTU), conhecida popularmente como “raspagem”, até tratamentos mais complexos envolvendo quimioterapia, radioterapia, cirurgia para retirada da bexiga (cistectomia radical) e imunoterapia. Muitas vezes, essas estratégias podem ser combinadas, visando maior chance de cura, sobrevida e qualidade de vida.

Em pacientes com doença inicial, que ainda não invadiu a camada muscular da bexiga, o tratamento é baseado em ressecção transuretral (RTU) máxima, seguida da administração de quimioterapia ou de BCG (Bacillus Calmette-Guerin). A escolha do agente, número e frequência de aplicações, e o tempo do tratamento vai a depende do risco de recorrência e/ou progressão da doença, variando de aplicações únicas até tratamentos de manutenção por até três anos1. A avaliação de risco é baseada nas recomendações da Associação Americana de Urologia (AUA – American Urological Association) e a Associação Europeia dos Urologistas (EAU – European Association of  Urologists), que se baseiam, por sua vez, em características do tumor, como: número de lesões, grau de diferenciação, tamanho, entre outros1-3. Para alguns pacientes, o uso de radioterapia (com ou sem quimioterapia) pode ser discutido4. Por fim, para os pacientes com recorrência, a retirada da bexiga ou o uso de imunoterapia também pode ser discutido como tentativa de curar o paciente1.

Para pacientes com doença localizada invadindo a camada muscular, o tratamento padrão é baseado em quimioterapia seguido de retirada da bexiga e dos linfonodos adjacentes1. Após a cirurgia, a reconstrução da via excretora pode ser  realizada de duas maneiras: confecção de um estoma, a partir da fixação dos ureteres a um segmento intestinal, que vai ser exposto e a urina coletada numa bolsa; ou a confecção de uma neobexiga, feita também a partir de uma alça intestinal. Além disso, a cirurgia também pode ser aberta, por videolaparoscopia ou robótica. A reconstrução da via para excreção urinária5 deve ser discutida de maneira individualizada pela equipe médica. Após a cirurgia, em caso de doença residual invasiva, a utilização de imunoterapia deve ser discutida1,6.

Para os pacientes com doença musculo invasiva, sem condições clínicas de cirurgia, ou aqueles que se negam a ressecar o órgão, o tratamento indicado é a associação de quimioterapia e radioterapia seguido de RTU máxima1,7. Não existem dados que comprovem que essa estratégia é melhor ou pior que a estratégia padrão, no entanto sabe-se que alguns pacientes não são candidatos ideias para radioquimioterapia, como aqueles com doença localmente mais avançada ou função renal comprometida.1,7

Para os pacientes com doença metastática ou irressecável, o tratamento sistêmico é a opção padrão, sendo quimioterapia baseada em platina, seguido de imunoterapia a escolha principal atualmente1,8. Opções para pacientes que falham ao tratamento inicial, ou que são inelegíveis ao tratamento sistêmico com platina, outras drogas imunoterápicas, drogas alvo, anticorpos conjugados a drogas citotóxicas e alguns outros tipos de quimioterapia1.

Ainda que, recentemente, o tratamento do câncer de bexiga venha apresentando algumas melhorias e impactos positivos na saúde destes pacientes, faz-se necessário um esforço global da comunidade científica, para que mais evidências possam surgir neste contexto, afim de que se possa melhorar ainda mais a sobrevida e qualidade de vida dos indivíduos acometidos por essa enfermidade.

Referências Bibliográficas

  • NCCN Guideline Version 2.2022 (https://www.nccn.org/professionals/physician_gls/pdf/bladder.pdf), acessado em 21/05/2022.
  • Chang SS, Boorjian SA, Chou R, et al. Diagnosis and treatment of non-muscle invasive bladder cancer: AUA/SUO guideline. J Urol 2016;196:1021.
  • Babjuk M, et al. European Association of Urology Guidelines on Non-muscle-invasive Bladder Cancer (TaT1 and Carcinoma In Situ) – 2019 Update. Eur Urol. 2019;76(5):639. Epub 2019 Aug 20.
  • Weiss C, et al. Radiochemotherapy after transurethral resection for high-risk T1 bladder cancer: an alternative to intravesical therapy or early cystectomy?. J Clin Oncol. 2006 May;24(15):2318-24.
  • Link RE, et al. Rebuilding the lower urinary tract after cystectomy: a roadmap for patient selection and counseling. Semin Urol Oncol. 2001;19(1):24.
  • Bajorin DF, et al. Adjuvant Nivolumab versus Placebo in Muscle-Invasive Urothelial Carcinoma. N Engl J Med 2021; 384:2102-2114
  • Chang SS, Bocher BH, Chou R et al. Treatment of non-metastatic muscle-invasive bladder cacner: AUA/ASCO/ASTRO/SUO guideline. J Urol 2017; 198:552.
  • Powles T, et al. Avelumab first-line (1L) maintenance for advanced urothelial carcinoma (UC): Long-term follow-up results from the JAVELIN Bladder 100 trial. J Clin Oncol. 2022;40;6S

 

Colaboraram neste conteúdo


  
Dr. Rodrigo Coutinho Mariano

Oncologista

CRM SP 148246

 

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