O câncer de bexiga, nono tipo mais comum de neoplasia no Brasil e no mundo^1,2, é uma doença na maioria das vezes grave, de manejo complexo e, em grande parte das vezes, potencialmente fatal. Mais comum em homens e indivíduos mais idosos^2-4, esse tipo de neoplasia costuma cursar com sintomas diversos, dependendo de vários fatores como tamanho do tumor, localização da lesão, presença ou não de metástases (bem como a localização), dentre outros.

Com relação aos sintomas urinários, o mais comum é a hematúria, isto é, a presença de sangue na urina, geralmente indolor e visível (macroscópica), mas que também pode ser não visível (microscópica)^5,6. Entretanto, sintomas irritativos como disúria (dor ao urinar), urgência miccional e aumento da frequência urinária, também podem ser sintomas relacionados ao câncer de bexiga. Devido a similaridade destes sintomas a etiologias benignas⁷, como infecção do trato urinário, passagem de cálculo renal, cistites e prostatite, frequentemente o diagnóstico é postergado e isso pode acarretar num pior prognóstico para o paciente^8,9. Outra característica dos sintomas locais é que eles podem ser intermitentes, o que também acaba dificultando o diagnóstico.

Quando um indivíduo apresenta hematúria, deve procurar um médico, preferencialmente um urologista, que vai avaliar o risco do paciente ter câncer de bexiga, baseado em variáveis como sexo, idade, histórico de tabagismo e intensidade da hematúria¹⁰. Exames diagnósticos mais invasivos ou sofisticados, como cistoscopia, ultrassonografia ou tomografia poderão ser indicados em caso de suspeita desse tumor.

Outro sintoma importante é a presença de dor, geralmente associada a tumores mais avançados, localmente ou à distância. A localização da dor vai variar de acordo com a posição do tumor: tumores obstrutivos ureterais podem ocasionar dores lombares e/ou em flancos, enquanto dores suprapúbicas estão mais relacionadas a invasão direta de tecidos perivesicais, nervos ou obstrução na saída da bexiga, causando também retenção urinária. Vale ressaltar que, obstruções urinárias importantes ou não resolvidas, sejam elas a nível uretral ou ureteral, podem levar a quadros de insuficiência renal grave, que por sua vez cursam com rebaixamento do nível de consciência, distúrbios hidroeletrolíticos, confusão mental, náuseas, vômitos, crise convulsiva, dentre outros.

Já os sintomas relacionados ao esvaziamento miccional, como aumento da frequência urinária (durante o dia e noite), urgência miccional, sensação de esvaziamento incompleto da bexiga, costumam estar mais relacionados à presença de carcinomas in situ.

Por fim, os pacientes com doença metastática podem ter sintomas diversos e mais inespecíficos, como perda de apetite, emagrecimento, cansaço, dores ósseas (do tipo em pontada, com piora progressiva e necessidade de maiores doses de analgésicos), náuseas, vômitos, falta de ar, dentre outros.

Portanto, em caso de sintomas suspeitos, especialmente em indivíduos com mais de 60 anos e importante histórico de tabagismo, é fundamental procurar um médico para que possa ser avaliado, pois o diagnóstico precoce é fundamental para o tratamento com intuito curativo.

Referências Bibliográficas

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• https://gco.iarc.fr/today/data/factsheets/cancers/30-Bladder-fact-sheet.pdf (acessado em 18/05/2022).
• SEER Cancer Stat Facts: Bladder Cancer. National Cancer Institute. Bethesda, MD, https://seer.cancer.gov/statfacts/html/urinb.html (acessado em 17/05/2022).
• Burger M, et al. Epidemiology and risk factors of urothelial bladder cancer. Eur Urol. 2013;63(2):234. Epub 2012 Jul 25.
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• Barocas DA, et al. Microhematuria: AUA/SUFU Guideline. J Urol. 2020;204(4):778. Epub 2020 Jul 23.

 

Colaboraram neste conteúdo

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Dr. Rodrigo Coutinho Mariano Oncologista CRM SP 148246