O QUE SÃO AS TERAPIAS INTEGRATIVAS E COMO PODEM AJUDAR NA DIMINUIÇÃO DA DOR?

Ao pesquisar sobre alguma doença crônica, é comum ver indicações conjuntas de tratamentos farmacológicos (que fazem o uso de medicamentos) e não farma

Ao pesquisar sobre alguma doença crônica, é comum ver indicações conjuntas de tratamentos farmacológicos (que fazem o uso de medicamentos) e não farmacológicos. Muitos desses tratamentos não farmacológicos servem de apoio e complemento para o sucesso do tratamento medicamentoso, que normalmente é o foco da medicina ocidental convencional.

Essa combinação de tratamentos convencionais e complementares dá origem às terapias integrativas1, que buscam envolver diversas áreas da vida do indivíduo e tratá-lo como um todo, de forma mais acolhedora, holística (que defende uma visão integral e um entendimento geral dos fenômenos2) e interdisciplinar.3,4

Muitas dessas práticas são aconselhadas e mostram-se benéficas em casos de dores e doenças crônicas, como a fibromialgia, a dor neuropática e a osteoartrite, por exemplo. Conheça algumas delas:

  • Acupuntura. Originária da medicina tradicional chinesa (MTC), a acupuntura promove a manutenção e a recuperação da saúde, bem como a prevenção de agravos e doenças, por meio da estimulação precisa de pontos do corpo com a inserção de agulhas metálicas.  O consenso do National Institutes of Health dos Estados Unidos referendou a indicação da acupuntura, de forma isolada ou como coadjuvante, em várias doenças e agravos à saúde, tais como odontalgias pós-operatórias, náuseas e vômitos pós-quimioterapia ou cirurgia em adultos, dependências químicas, reabilitação após acidentes vasculares cerebrais, dismenorreia, cefaleia, epicondilite4, fibromialgia4,5, dor miofascial, osteoartrite, lombalgias e asma, entre outras.4
  • Termalismo. O termalismo compreende as diferentes maneiras de utilização da água mineral e a sua aplicação em tratamentos de saúde. O uso das Águas Minerais para tratamento de saúde é um procedimento dos mais antigos, utilizado desde a época do Império Grego 4. Apesar da água de cada local ter características diferentes, e não haver estudos que comprovem como os elementos minerais dessas águas atuam no organismo, os relatos positivos e a melhora subjetiva de vários pacientes fazem com que o termalismo seja um aliado da reumatologia6. Fontes de águas quentes, por exemplo, parecem ajudar pessoas com lombalgia, contraturas musculares e inflamações articulares7. Os objetivos desejados com a terapia são: a melhora da dor, a preservação da função, a prevenção da deformidade e a manutenção da qualidade de vida e do desempenho profissional.8
  • Biofeedback5. O biofeedback consiste em uma técnica que mede, por meio de aparelhos, várias reações do sistema nervoso diante de situações específicas, com o intuito de conhecê-las melhor e controlá-las. São medidas, por exemplo, a contração muscular, a frequência cardíaca, as ondas cerebrais, a temperatura, o suor etc. Pode ser empregada no tratamento de enxaqueca, incontinência urinária, bruxismo, ansiedade, transtorno bipolar, dor crônica e até na recuperação muscular no caso do treinamento esportivo9. Os estudos de biofeedback na fibromialgia têm demonstrado efeitos benéficos mesmo seis meses após o término do tratamento, com significativa melhora no número de pontos dolorosos, na dor generalizada e na rigidez matinal5.
  • Hipnoterapia. O uso de hipnose no tratamento de pacientes com dores crônicas, como a fibromialgia, se mostrou eficaz em vários estudos, com significativa melhora de pacientes resistentes a outros tratamentos.5
  • Meditação. Os programas de intervenção baseados na meditação mindfulness (“atenção plena”) têm sido estudados mundialmente nas últimas décadas, e as evidências atuais apontam para diversos benefícios para a saúde de indivíduos e populações especiais. Pode-se citar: diminuição da recidiva de depressão em pacientes portadores de depressão maior; melhora do manejo da dor crônica10,11; melhora dos níveis pressóricos em pacientes hipertensos; melhora do controle glicêmico em pacientes diabéticos; melhor manejo do estresse em populações saudáveis, entre diversos outros10.

É importante lembrar que todo tratamento complementar, por mais simples que pareça, deve ser indicado e acompanhado por um médico, já que pode interferir no tratamento principal.

Referências bibliográficas:

  1. U. S. DEPARTAMENT OF HEALTH AND HUMAN SERVICES. National Center for Complementary and Integrative Health. Complementary, Alternative, or Integrative Health: What’s In a Name? Junho, 2016. Acesso em 21 mar. 2017. Disponível em: https://nccih.nih.gov/health/integrative-health.
  2. “holística”, in Dicionário Priberam da Língua Portuguesa [em linha], 2008-2013, https://www.priberam.pt/DLPO/hol%C3%ADstica [consultado em 23-03-2017].
  3. SCHVEITZER, M. C.; ESPER, M. V.; SILVA, M. J. P. Práticas Integrativas e Complementares na Atenção Primária em Saúde: em busca da humanização do cuidado. O Mundo da Saúde, São Paulo, v. 36, n. 3, p. 442-451, 2012. Acesso em 21 mar. 2017. Disponível em: https://hipnosis.es/documentos/escuela/articulos/Mundo-da-saude-Marcos-Esper.pdf.
  4. Brasil. Portaria n. 971, de 3 de maio de 2006. Aprova a Política Nacional de Práticas Integrativas e Complementares (PNPIC) no Sistema Único de Saúde (SUS). Brasília: Ministério da Saúde; 2006. Acesso em 22 mar. 2017. Disponível em: http://bvsms.saude.gov.br/bvs/saudelegis/gm/2006/prt0971_03_05_2006.html.
  5. PROJETO DIRETRIZES. ASSOCIAÇÃO MÉDICA BRASILEIRA (AMB), CONSELHO FEDERAL DE MEDICINA (CFM). Fibromialgia. São Paulo: AMB/CFM; 2004. Disponível em: http://www2.unifesp.br/grupos/fibromialgia/fibromialgia.pdf. Acesso em: 23 de mar. 2017.
  6. PIRES, R. M. R. O Termalismo Tem Lugar na Reumatologia nos Dias Atuais? Rev Bras Reumatol, v. 46, n. 2, p. 161-162, mar/abr, 2006. Acesso em 27 mar. 2017. Disponível em: http://scholar.googleusercontent.com/scholar?q=cache:LqwWHWZjzd4J:scholar.google.com/+termalismo&hl=pt-BR&as_sdt=0,5
  7. ARRUDA, A. Terapia com água mineral auxilia tratamento médico. Folha de São Paulo, 23 jan. 2003. Acesso em 27 mar. 2017. Disponível em: http://www1.folha.uol.com.br/fsp/equilibrio/eq2301200302.htm
  8. ALEXANDRE, M.; MALCATA, A. Termalismo nas doenças reumáticas: panaceia ou placebo? Acta Reuma Port, v. 98, p. 44-50, 2000. Acesso em 27 mar. 2017. Disponível em: http://193.137.196.68/bitstream/10400.4/1003/1/Termalismo.pdf
  9. AYRES, N. Minha Vida [website]. Biofeedback: método trata enxaqueca, problemas cardíacos e até transtornos mentais. Acesso em 23 mar. 2017. Disponível em: http://www.minhavida.com.br/bem-estar/galerias/16603-biofeedback-metodo-trata-enxaqueca-problemas-cardiacos-e-ate-transtornos-mentais/7
  10. UNIFESP. Programas e Projetos Sociais [website]. Programa “Mente Aberta” – Núcleo de Mindfulness e Promoção da Saúde. Acesso em 23 mar. 2017. Disponível em: http://www2.unifesp.br/proex/novo/pps/programasprojetos/projetos-2013/campus-sao-paulo/73-programa-mente-aberta-nucleo-de-mindfulness-e-promocao-da-saude
  11. U. S. DEPARTAMENT OF HEALTH AND HUMAN SERVICES. National Center for Complementary and Integrative Health. Mindfulness Meditation Reduces Pain, Bypasses Opioid Receptors. Março, 2016. Acesso em 23 mar. 2017. Disponível em: https://nccih.nih.gov/research/blog/mindfulness-meditation-pain

 

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