Outro aspecto apontado pelos estudos realizados tanto em humanos como em animais, é que o exercício físico não deve ser considerado um fator de indução das crises epilépticas. Esse achado torna-se relevante, uma vez que pessoas com epilepsia são desencorajadas à prática de atividades físicas por medo que desencadeiem crises.2
A não participação nessas atividades pode provocar comprometimentos psicológicos às vezes mais significativos do que as próprias crises, principalmente em crianças e adolescentes, pois os faz sentirem-se diferentes dos demais, estigmatizados e incapazes, tendo dificuldade de aceitação no grupo.3
Em uma pesquisa realizada na Noruega, foi realizado um programa de atividade física (dança, treinamento resistido e alongamento) em 15 mulheres com epilepsia, durante 15 semanas, 2 vezes na semana, com 60 minutos de duração por sessão. Observou-se uma redução na frequência de crises durante o período de intervenção e uma contribuição considerável na redução das dores musculares, distúrbios do sono, fadiga, dentre outros.4
No entanto, não basta simplesmente calçar os tênis e começar. É extremamente importante que cada pessoa conheça as características de sua condição e converse com seu médico. Somente ele poderá indicar os melhores tipos de atividade com suas respectivas cargas, intensidade e periodicidade.3
As pessoas com crises controladas (e sem outras intercorrências médicas) estão aptas a praticar todas as modalidades esportivas, porém, naqueles ainda com crises, é preciso evitar algumas delas. Outro aspecto fundamental para a segurança do paciente é sempre alertar o instrutor ou as pessoas que estão praticando a atividade física em conjunto sobre a sua epilepsia e explicar sobre como agir no caso de uma crise.5
A lista a seguir traz alguns exemplos de atividades indicadas e não recomendadas5,6:
– Indicadas: caminhada, corrida, natação, ciclismo, tai chi chuan, yoga.
– Contraindicação absoluta: paraquedismo, asa delta, alpinismo/escaladas, mergulho submarino, natação competitiva em crianças com crises de ausência não controladas;
– Contraindicação relativa: Arco e flecha, tiro, ciclismo competitivo para crianças com ausência não controlada, natação, surfe, esportes motorizados, ginástica olímpica.
1. Universidade Geral de Santa Catarina. Atividade física em pacientes com epilepsia. Disponível em: https://neurologiahu.ufsc.br/files/2012/09/Exerc%C3%ADcio-f%C3%ADsico-e-epilepsia.pdf. Acesso em: set. de 2019.
2. Arida RM, Scorza FA, Albuquerque M Cysneiros RM, Oliveira RJ, Cavalheiro EA. Evaluation of physical exercise habits in Brazilian patients with epilepsy. Epilepsy & Behavior.2003;4:507–510.
3. Kishimoto ST, Volpato N, Cendes F, Fernandes PT. A pra?tica de atividades fi?sicas, exerci?cios fi?sicos e esportes por pacientes com epilepsia: qual a melhor opc?a?o? The practice of physical activities, sports and physical exercise in patients with epilepsy: what is the best option? J Epilepsy Clin Neurophysiol 2013;19 (2): 38-44.
4. Eriksen HR, Ellertsen B, Grønningsaeter H, Nakken K O, Løyning Y, Ursin H. Physical exercise in women with intractable epilepsy. Epilepsia. 1994; 35(6):1256-64.
5. Governo do Distrito Federal, Secretaria de Estado de Saúde, Subsecretaria de Atenção Integral à Saúde, Comissão Permanente de Protocolos de Atenção à Saúde. Atendimento ao paciente com epilepsia. Disponível em: http://www.saude.df.gov.br/wp-conteudo/uploads/2018/04/NEUROLOGIA-1-Protocolo_epilepsia.pdf. Acesso em: set. de 2019.
6. Epilepsy Society. Exercise And Epilepsy. Disponível em: https://www.epilepsysociety.org.uk/exercise-and-epilepsy#.XY0JWy_OqqA. Acesso em: set. de 2019.
FA-287-19 – Out/2019
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