O câncer de bexiga é uma doença grave com alto potencial de morbidade e mortalidade1. Está associado a múltiplos fatores de risco, sendo o tabagismo e as exposições ocupacionais os principais identificados nos mais diversos estudos da literatura médica.
De fato, o epitélio que reveste todo o trato urinário fica exposto à ação de diversos carcinógenos, uma vez que muitos destes são excretados pela urina. Com isso, acredita-se que os carcinógenos químicos, incluindo os compostos presentes no cigarro, são os responsáveis pela maioria dos casos de tumor de bexiga. Essa relação foi inicialmente proposta pela alta incidência dos casos desse tumor em trabalhadores expostos a determinados agentes químicos, especialmente as aminas aromáticas.
Estima-se que em torno de 50 a 65% dos casos de câncer de bexiga sejam causados pelo cigarro2,3 assim, o tabagismo é o principal fator de risco na incidência deste tumor. Sabe-se que a fumaça do cigarro contém mais de 60 compostos carcinogênicos em sua composição que são absorvidos no pulmão, percorrem a corrente sanguínea e posteriormente, excretados pelo rim, dessa maneira, ficam armazenados na bexiga um maior tempo onde poderão estimular o surgimento de tumores. Ressalta-se que fumantes de charuto e cachimbo também aparentam ter discreto aumento do risco de desenvolver câncer de bexiga2. Embora os indivíduos que cessam o tabagismo não eliminam o risco aumentado por completo, eles terão riscos menores em relação aos tabagistas ativos.
Com relação ao tempo e intensidade de exposição ao cigarro, o aumento dessa exposição parece está diretamente relacionado à gravidade e agressividade do tumor de bexiga4. Além disso, pacientes que continuam fumando durante o tratamento tendem a piores desfechos e a maior mortalidade5. Por fim, fumantes passivos também podem apresentar um risco até três vezes maior, em relação a indivíduos não expostos de desenvolver câncer de bexiga6.
Com relação às exposições ocupacionais, estudos mostram aumento da incidência de câncer de bexiga em trabalhadores de diversas áreas, incluindo pintores, metalúrgicos, pedreiros, operadores de escavadoras, mineradores e trabalhadores envolvidos em manufatura de carpetes, tintas, plásticos e componentes químicos7-9. O risco aparenta ser proporcional ao tempo de exposição e pode se manter elevado após décadas do fim dessas exposições10. O aumento do risco também já foi relacionado a compostos de tintas, hidrocarbonetos aromáticos policíclicos (HAP) e escapamentos movidos a diesel, este último ainda pouco controverso10-12. O contato prolongado com alguns tipos de tintura de cabelo também já foi considerado como fator de risco para câncer de bexiga13. Entretanto, com a mudança na formulação destes compostos e com o uso disseminado de medidas de proteção, esse risco parece ter sido reduzido14. Além disso, exposição a altos níveis de substâncias relacionadas à descontaminação da água, como cloro e arsênico, também foram relacionados ao aumento do risco15,16.
Adicionalmente aos fatores citados acima, outras possíveis causas do câncer de bexiga, são cistites crônicas17,18, radioterapia pélvica prévia19,20, uso prévio de ciclofosfamida21,22, infecção pelo Schistosoma haematobium23,24 (presente no leste africano e Oriente Médio) e fatores genéticos (especialmente a Síndrome de Lynch)25. O uso de uma droga hipoglicemiante, a pioglitazona, mostrou resultados controversos em relação ao aumento do risco de câncer de bexiga26,27 e, sendo assim, seu uso, ou não, deve ser discutido com seu médico, pesando riscos e benefícios.
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Dr. Rodrigo Coutinho MarianoOncologista CRM SP 148246 |
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