Epilepsia
Porém, a dieta cetogênica é muito mais complexa que isso. O cardápio é orientado conforme peso de cada alimento e as proporções são calculadas pelo nutricionista considerando o estado nutricional, faixa etária e aspectos clínicos do paciente. Assim, o cardápio não é pré-definido, mas sim adaptado ao perfil de cada pessoa. A duração do tratamento pode variar. Normalmente, ele é suspenso após 2 a 3 anos, mantendo-se constante o controle de crises atingido.
1. Dieta Cetogênica Clássica: É a variação mais restritiva e mais comumente indicada para crianças e adolescentes. Composta por 90% de gordura, 6% de proteína e 4% de carboidrato. Os alimentos são pesados em balança específica para alimentos.
2. Dieta de Atkins Modificada: Composta por 65% de gordura, 30% de proteína e 5% de carboidrato. Os alimentos são medidos através de medidas caseiras devendo respeitar o limite de carboidrato diário proposto pelo nutricionista. Esta versão favorece melhora da adesão de crianças, adolescentes e adultos com maior autonomia social.
3. Dieta de Baixo Índice Glicêmico: Composta por 60% de gordura, 28% de proteína e 12% de carboidrato. Priorizam-se carboidratos com índice glicêmico abaixo de 50.
4. Dieta com triglicerídeo de cadeia média (TCM): Utilizada em situações emergenciais para aumentar a velocidade de produção de corpos cetônicos. Utiliza-se aproximadamente 30% de TCM e 40% de triglicerídeo de cadeia longa, 19% de proteína e 10% de carboidrato.
O corpo humano normalmente transforma toda gordura ingerida em elementos chamados ácidos graxos e corpos cetônicos, que, por sua vez, fornecem energia suficiente para que os nossos processos celulares aconteçam. No entanto, sem os carboidratos, o organismo é praticamente forçado a quebrar, além da gordura que vem dos alimentos, aquela que já está acumulada em nosso corpo.
Como a gordura geralmente se acumula em função dos excessos de carboidratos na alimentação, esse processo todo acaba levando a perda de peso. Na epilepsia, ela visa controlar e/ou reduzir a frequência das crises epilépticas por meio do aumento na ingestão destes alimentos fontes de gordura e proteínas e redução dos alimentos fontes de carboidrato.
Importante lembrar que, assim como as medicações, a dieta cetogênica também pode causar efeitos adversos, como a obstipação (prisão de ventre), diarreia, náusea e vômitos. A longo prazo, é comum o aumento na concentração de colesterol e/ou triglicérides no sangue (hipercolesterolemia e/ou hipertrigliceridemia). Efeitos menos comumente observados, mas também passíveis de ocorrer são os cálculos renais e a esteatose hepática (acúmulo de gordura nas células do fígado).
Até 70% dos indivíduos com epilepsia têm suas crises controladas com medicamentos antiepilépticos. No entanto, para aqueles que não obtém o controle com a farmacoterapia, a dieta cetogênica pode ajudar.
Mas, não se esqueça: a dieta cetogênica é complementar ao tratamento e não excludente. Os fármacos antiepilépticos serão mantidos, podendo ser trocadas algumas formulações, de acordo com a orientação do médico. Isso ocorre, pois, alguns xaropes contém açúcar, de forma que poderão ser substituídos por comprimidos livres de carboidrato na composição.
Harvard Health Letter. Should you try the keto diet? Disponível em: https://www.health.harvard.edu/staying-healthy/should-you-try-the-keto-diet. Acesso em: set. de 2019.
Epilepsy Society. Ketogenic diet. Disponível em: https://www.epilepsysociety.org.uk/ketogenic-diet#.XYz5qy_OqqA. Acesso em: set. de 2019.
Associação Brasileira de Epilepsia. Dieta cetogênica. Disponível em: https://www.epilepsiabrasil.org.br/noticias/dieta-cetogenica. Acesso em: set. de 2019.
D’Andrea Meira I, Romão TT, Pires do Prado HJ, Krüger LT, Pires MEP, da Conceição PO. Ketogenic Diet and Epilepsy: What We Know So Far. Front Neurosci. 2019;13:5.
https://www.uol.com.br/vivabem/alimentacao/dieta/dieta-cetogenica.htm
Podcast Viver Zodiac: Dieta Cetogênica com a nutricionista Marcela Gregório.
FA-287-19 – Out/2019
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