TDAH
O Transtorno do Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH) é uma condição neuropsiquiátrica que afeta milhões de pessoas ao redor do mundo, sendo caracterizada principalmente por dificuldades com atenção, impulsividade e hiperatividade. Muitas vezes, a experiência emocional de quem vive com o TDAH é única, já que as reações e a percepção de diversos estímulos podem ser intensificadas ou modificadas em relação a pessoas sem esse transtorno. Uma questão que gera curiosidade em muitos é se as pessoas com TDAH sentem saudade da mesma forma que as demais. Para responder a essa pergunta, é importante entender a forma como os indivíduos com TDAH processam as emoções e os vínculos afetivos.
A saudade é uma emoção profundamente conectada ao tempo e à memória afetiva. Ela surge quando a ausência de algo ou alguém é sentida intensamente, geralmente relacionada a um período significativo ou a uma experiência prazerosa. Para muitas pessoas, essa sensação de falta cria uma expectativa, um desejo de reviver momentos passados. No entanto, no caso de indivíduos com TDAH, a forma como o tempo é percebido pode ser distinta. Muitos com TDAH possuem o que se chama de “tempo interno” desorganizado, ou seja, a capacidade de perceber o tempo de forma precisa é prejudicada. Isso pode afetar a forma como eles lidam com a memória de experiências passadas.
Pessoas com TDAH, especialmente as que têm dificuldades maiores com organização e atenção, podem viver no presente de forma mais intensa. Isso significa que a saudade, como uma emoção ligada ao passado, pode ser menos presente ou menos expressa. Em vez de ficarem nostálgicas por algo ou alguém que não está mais por perto, essas pessoas podem se concentrar em novas experiências ou estímulos imediatos. A tendência a buscar novos focos de atenção pode diminuir a intensidade das emoções ligadas à saudade, ou até mesmo fazer com que a saudade passe despercebida.
Um dos principais sintomas do TDAH é a dificuldade de concentração e foco, o que pode afetar a forma como uma pessoa vivencia as emoções. Quando alguém sente saudade, essa sensação geralmente envolve a reflexão sobre o que foi perdido, o que está distante ou ausente. No entanto, indivíduos com TDAH podem ter dificuldade em manter o foco nessa reflexão. Em vez de se permitirem mergulhar em sentimentos de falta, eles podem rapidamente mudar sua atenção para algo que os distraia ou estimule de maneira imediata. Esse comportamento pode fazer com que a saudade, enquanto sentimento, não seja tão prolongada ou tão intensa quanto em outras pessoas.
A ideia de que pessoas com TDAH “não sentem saudade” pode ser um equívoco. Elas podem, sim, sentir falta de algo ou alguém, mas a intensidade e a forma como essa emoção é vivenciada podem ser diferentes. O transtorno afeta a percepção de tempo, o foco e a maneira como as emoções são processadas, o que pode fazer com que a saudade seja menos prolongada ou menos evidenciada. Entender essas diferenças é crucial para uma maior empatia e compreensão das vivências de quem tem TDAH, permitindo que as emoções sejam vistas de uma maneira mais ampla e individualizada.